quinta-feira, abril 06, 2006

QUE POLÌTICA DE TRANSPORTES PARA O NORDESTE?

A região de Trás-os-Montes e Alto Douro encontra-se envolvida em polémica por força de duas intenções/decisões do Poder sobre o transporte ferroviário: a reformulação da oferta na linha do Douro com a introdução de rupturas de carga e o eventual encerramento das linhas de via estreita nos troços que se mantêm em serviço.

Em que contexto são equacionadas essas decisões? No da ausência da mais elementar política de transportes! Se ela não existe para o País, como poderia existir para o Nordeste! Apesar disso há limites para tudo! Um Governo existe sobretudo para servir os cidadãos! Uma Empresa Pública de Transportes existe sobretudo para servir bem os passageiros. À luz de uma boa política de transportes é inconcebível que um cidadão não possa tomar um comboio no Pocinho para viajar nele, sem transbordo, até ao centro do Porto. Não há análise financeira que possa justificar tamanha enormidade.

Quanto ao encerramento das linhas não se pode esperar compreensão das populações locais e dos seus dirigentes, que ora são persuadidos a envolverem-se em projectos discutíveis como os «Comboios do Tua» ora se lhes dá a conhecer que afinal os serviços acabarão por encerrar! E em que visão assentam essas estratégias? Mistério!

Trás-os-Montes e Alto Douro têm direito a beneficiar de uma boa política de transportes. Que tem que assentar numa perspectiva integrada de serviço às populações e à economia da região. Que tem que ter as vertentes do transporte rodoviário, do aéreo e do ferroviário.

O sistema de infra-estruturas rodoviárias, que os Planos Nacionais contemplam, responde, no essencial, às necessidades da região. Há que acelerar a sua concretização. A excentricidade da região em relação a Lisboa obriga a que se aposte no transporte aéreo bem articulado com o ordenamento do território e o sistema rodoviário. Para as ligações do Nordeste com a Espanha e o Sul da França deve ter-se presente o desenvolvimento das infra-estruturas de transporte terrestre em Espanha. A continuidade do IP4 até Puebla de Sanábria é fundamental para favorecer a acessibilidade do Nordeste às auto-estradas e à nova rede de Alta Velocidade da Espanha. Mas é preciso negociar com a Espanha a criação de uma estação naquela localidade espanhola do novo eixo ferroviário, exclusivo de passageiros, Madrid – Santiago.

Quanto ao actual sistema ferroviário e ao seu papel no futuro da região não será difícil concluir: Que a linha do Douro, por razões turísticas, sociais e económicas, se deve viabilizar e não secar. Que o troço Régua – Vila Real, por razões turísticas e sociais, se deve manter, se possível na alçada do Poder Local. Que o metro de Mirandela, na sua concepção inicial, isto é até Ribeirinha, se deve apoiar. Aqui a barragem do Tua, que tarda e se espera não tenha a sorte da do Côa, será uma ajuda.