quinta-feira, março 02, 2006

A "manjedoura" da OTA

Sem pretendermos ofender os Empresários Portugueses, que trabalhando no meio da adversidade e da instabilidade têm lutado tenazmente para que Portugal avance, está à vista que o Poder fez da OTA uma gigantesca «manjedoura» para os assimilar. Mergulhados na grave crise que o País atravessa, que os nossos políticos criaram, com dificuldades em manter as suas Empresas e os seus trabalhadores, clamam, como o fez um reputado Presidente de uma grande Empresa: “Não concordamos com a OTA mas faça-se a OTA!”

De todas as opções consideradas desde 1969 a OTA envolve o mais gigantesco trabalho no domínio das obras públicas. Os números são astronómicos. Nos estudos/opções feitas pelo Estado Novo considerava-se um Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) com a possibilidade de chegar às 4 pistas paralelas. É essa a dimensão do Aeroporto de Madrid desde meados de Janeiro. Todas as análises feitas depois do 25 de Abril contemplaram apenas 2 pistas e só assim foi possível considerar a OTA.

A Base Aérea da OTA situa-se numa zona de orografia difícil, em particular no seu lado Oeste. A Sul, o Monte Gordo constitui um incómodo obstáculo. As cotas dos terrenos da região variam entre os 4 e os 70 metros. Uma rede hidrográfica densa, composta pela Ribeira do Alvarinho com uma bacia hidrográfica de grandes dimensões, pelos Rios Alenquer e OTA, entre outros cursos de água, influenciados pelo ciclo de cheias do Tejo, obriga à construção de passagens hidráulicas e de obras de arte que assegurem a continuidade do sistema permanente de drenagem natural. A somar a tudo isso os leitos dos cursos de água são formados de depósitos aluvionares argilosos e, segundo estudo do LNEC, a zona é considerada de forte risco sísmico.

Do espaço necessário para a construção do NAL (cerca de 1600 hectares) apenas pouco mais de 300 são ocupados pela Base Aérea, pelo que é preciso comprar a particulares quase 1300 ha. A movimentação de terras necessária para construir um aeroporto que nasce asfixiado, isto é, sem qualquer possibilidade de expansão futura, é a seguinte:
Segundo o estudo da ANA de 1994 seria necessário movimentar 75 milhões de m3 de terras, qualquer coisa como um paralelipípedo quadrangular com 100 m2 de base e 750 km de altura. O saldo negativo, isto é o volume de terras que era necessário levar do exterior para o local do aeroporto seria de 7 milhões de m3. Por sua vez de acordo com os dados mais recentes da NAER o volume de terras a movimentar seria de cerca de 50 milhões de m3. Mas se for necessário desbastar totalmente o Monte Redondo esse valor duplicará.

Pensemos por instantes nas soluções consideradas nos estudos de 1969. Mesmo sem considerar muitos outros factores favoráveis como a proximidade de Lisboa. Atendamos apenas às obras de engenharia civil. Olhemos para o território plano da margem esquerda do Tejo: para Rio Frio, para Porto Alto, para Alcochete. Reparemos nos terrenos planos do Estado ocupados pelo Campo de Tiro de Alcochete, com cerca de 7 mil hectares a uma dezena e meia de quilómetros do centro de Lisboa. Que outro País não aproveitaria as excelentes condições que tem para se dotar de infra estruturas excelentes, baratas, integráveis, com possibilidades inesgotáveis de crescimento, para se enredar na teia dispendiosíssima, asfixiante, retrógrada da OTA?

Um sorvedouro para quem projectar e/ou construir. Um desastre para quem explorar, a não ser que o Estado pague permanentemente os custos resultantes dos erros da má decisão. O maior atentado ao interesse nacional de que há memória. Por tudo isto, é imperioso travar a loucura da OTA!

Barajas: O exemplo que nos vem da Espanha.

Veja como.

quarta-feira, março 01, 2006

O Show Off da OTA

Veja como mais uma voz autorizada se pronuncia sobre o Show Off da OTA.